Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

QUAIS AS EVIDÊNCIAS DO USO DO KINESIOTAPE?

Ir para baixo

27032012

Mensagem 

QUAIS AS EVIDÊNCIAS DO USO DO KINESIOTAPE? Empty QUAIS AS EVIDÊNCIAS DO USO DO KINESIOTAPE?




Olá a todos,

Nos últimos anos, tem sido muito comum vermos atletas utilizando o Kinesiotape em suas atividades. É só aparecer um atleta famoso utilizando uma técnica que é, no mínimo, esteticamente interessante para despertar a curiosidade de diversas pessoas. Não bastasse isso, a procura pela técnica tem sido cada vez maior ao ponto do paciente comprar o kinesio e já ir para fisioterapia pedindo que aplique ( Shocked ).

Claro que a exposição na mídia assim como seus efeitos "milagrosos" (desculpem o uso dessa palavra, mas não encontrei nenhuma substituta) contribuíram para isso. Algumas revistas sobre esporte para o público em geral apresentam seus efeitos como esse trecho da revista Tatame:

César “Gordim” (Gordim Fight Team): “Gostei muito de ter utilizado Kinesio Taping, eu vinha de uma lesão antiga no ombro e toda vez que ia lutar ficava preocupado com essa lesão, ai um amigo me indicou a utilização do Kinesio Taping, me senti bem com essa proteção, me deu firmeza na hora de dar os golpes, além de dimunir a minha dor. Nas próximas lutas vou utilizá-la, indico para todos os atletas.”

Procurando quais evidências que temos sobre os efeitos dessa técnica, encontrei uma revisão sistemática de Williams et al. 2012. (Kinesio taping in treatment and prevention of sports injuries: a meta-analysis of the evidence for its effectiveness. Sports Med. 2012 Feb 1;42(2):153-64. doi: 10.2165/11594960-000000000-00000.).

Pontos que merecem destaque no artigo:

Introdução: Alega-se que KT suporta os músculos lesionados e articulações e ajuda a aliviar a dor, tracionando a pele e permitindo a melhora o fluxo sanguíneo e linfático. Objetivo: Avaliar, por meio de meta-análise, a eficácia da KT no tratamento e prevenção de lesões esportivas. Bases de dados eletrônicos, incluindo SPORTDiscus, Scopus, MEDLINE, ScienceDirect e sites de medicina esportiva foram pesquisados ​​usando 'bandagem elástica Kinesio / tape' como palavras-chave. Resultados: De 97 artigos, 10 atenderam aos critérios de inclusão e foram incluídos. Apenas dois estudos investigaram lesões relacionadas com esportes (síndrome do impacto), e apenas um desses envolveu atletas com lesão. Estudos com participantes saudáveis ​​foram incluídos pois esses resultados podem ter implicações para a prevenção de lesões desportivas. A eficácia do KT no alívio da dor foi trivial não havendo resultados clinicamente importantes. Houve resultados inconsistentes para amplitude de movimento, com pequenos resultados positivos observados. Houve um provável efeito benéfico para propriocepção nas atividades de força de preensão, mas sem resultado positivo para propriocepção do tornozelo. Sete resultados relativos à força foram benéficos, apesar de existirem inúmeras achados que mostram pouco aumento no torque máximo do quadríceps, dos isquiotibiais na força de preensão. KT teve alguns efeitos substanciais sobre a atividade muscular, mas não ficou claro se estas mudanças foram benéficas ou prejudiciais. Conclusão: Não houve evidência de qualidade para apoiar o uso de KT sobre outros tipos de taping no manejo ou na prevenção de lesões esportivas. KT pode ter um pequeno papel benéfico na melhoria da força, do arco de movimento e na propriocepção em comparação com outras fitas e em determinados estudos coortes com atletas lesionados, mas são necessários mais estudos para confirmar esses achados. A quantidade de estudos de caso e o pouco suporte científico para io uso do KT tem sido utilizados para justificar sua aplicação por parte dos profissionais.



Felipe Reis
Felipe Reis
Admin

Mensagens : 105
Data de inscrição : 15/02/2012
Idade : 46
Localização : Rio de Janeiro

http://www.fisiofuncional.com

Ir para o topo Ir para baixo

Compartilhar este artigo em: reddit

QUAIS AS EVIDÊNCIAS DO USO DO KINESIOTAPE? :: Comentários

avatar

Mensagem Qua Mar 28, 2012 3:23 pm  Elizabeth Coelho de Olive

Trabalho com diversas patologias e utilizei a fita em alguns pacientes com resultado satisfatório. É claro que a fita é mais recurso a ser usado em conjunto com outras técnicas. Eu não faço uso como base do tratamento, mas gostei do resultado, alguns relataram um conforto com relação ao quadro álgico e outros a ausência de dor.

Felipe Reis escreveu:Olá a todos,

Nos últimos anos, tem sido muito comum vermos atletas utilizando o Kinesiotape em suas atividades. É só aparecer um atleta famoso utilizando uma técnica que é, no mínimo, esteticamente interessante para despertar a curiosidade de diversas pessoas. Não bastasse isso, a procura pela técnica tem sido cada vez maior ao ponto do paciente comprar o kinesio e já ir para fisioterapia pedindo que aplique ( Shocked ).

Claro que a exposição na mídia assim como seus efeitos "milagrosos" (desculpem o uso dessa palavra, mas não encontrei nenhuma substituta) contribuíram para isso. Algumas revistas sobre esporte para o público em geral apresentam seus efeitos como esse trecho da revista Tatame:

César “Gordim” (Gordim Fight Team): “Gostei muito de ter utilizado Kinesio Taping, eu vinha de uma lesão antiga no ombro e toda vez que ia lutar ficava preocupado com essa lesão, ai um amigo me indicou a utilização do Kinesio Taping, me senti bem com essa proteção, me deu firmeza na hora de dar os golpes, além de dimunir a minha dor. Nas próximas lutas vou utilizá-la, indico para todos os atletas.”

Procurando quais evidências que temos sobre os efeitos dessa técnica, encontrei uma revisão sistemática de Williams et al. 2012. (Kinesio taping in treatment and prevention of sports injuries: a meta-analysis of the evidence for its effectiveness. Sports Med. 2012 Feb 1;42(2):153-64. doi: 10.2165/11594960-000000000-00000.).

Pontos que merecem destaque no artigo:

Introdução: Alega-se que KT suporta os músculos lesionados e articulações e ajuda a aliviar a dor, tracionando a pele e permitindo a melhora o fluxo sanguíneo e linfático. Objetivo: Avaliar, por meio de meta-análise, a eficácia da KT no tratamento e prevenção de lesões esportivas. Bases de dados eletrônicos, incluindo SPORTDiscus, Scopus, MEDLINE, ScienceDirect e sites de medicina esportiva foram pesquisados ​​usando 'bandagem elástica Kinesio / tape' como palavras-chave. Resultados: De 97 artigos, 10 atenderam aos critérios de inclusão e foram incluídos. Apenas dois estudos investigaram lesões relacionadas com esportes (síndrome do impacto), e apenas um desses envolveu atletas com lesão. Estudos com participantes saudáveis ​​foram incluídos pois esses resultados podem ter implicações para a prevenção de lesões desportivas. A eficácia do KT no alívio da dor foi trivial não havendo resultados clinicamente importantes. Houve resultados inconsistentes para amplitude de movimento, com pequenos resultados positivos observados. Houve um provável efeito benéfico para propriocepção nas atividades de força de preensão, mas sem resultado positivo para propriocepção do tornozelo. Sete resultados relativos à força foram benéficos, apesar de existirem inúmeras achados que mostram pouco aumento no torque máximo do quadríceps, dos isquiotibiais na força de preensão. KT teve alguns efeitos substanciais sobre a atividade muscular, mas não ficou claro se estas mudanças foram benéficas ou prejudiciais. Conclusão: Não houve evidência de qualidade para apoiar o uso de KT sobre outros tipos de taping no manejo ou na prevenção de lesões esportivas. KT pode ter um pequeno papel benéfico na melhoria da força, do arco de movimento e na propriocepção em comparação com outras fitas e em determinados estudos coortes com atletas lesionados, mas são necessários mais estudos para confirmar esses achados. A quantidade de estudos de caso e o pouco suporte científico para io uso do KT tem sido utilizados para justificar sua aplicação por parte dos profissionais.



Ir para o topo Ir para baixo

avatar

Mensagem Qui Mar 29, 2012 12:03 pm  Miscur

É a ciência que virou moda. A equipe do Professor Kenzo dá o material para quem estiver disposto a realizar um trabalho científico. Quem tiver interesse procure o Prof Elton dias ou Prof. Thiago Vilela. Eles são da KT Brasil http://www.jssm.org/vol3/n1/1/v3n1-1text.php

Ir para o topo Ir para baixo

Felipe Reis

Mensagem Dom Abr 01, 2012 1:23 pm  Felipe Reis

Miscur escreveu:É a ciência que virou moda. A equipe do Professor Kenzo dá o material para quem estiver disposto a realizar um trabalho científico. Quem tiver interesse procure o Prof Elton dias ou Prof. Thiago Vilela. Eles são da KT Brasil http://www.jssm.org/vol3/n1/1/v3n1-1text.php


Olá Miscur!

Ainda temos que considerar que existem poucas evidências sobre o assunto. A pesquisa é fundamental para que se possa esclarecer os reais mecanismos envolvidos. Até o momento, segunda essa revisão sistemática que postei, os artigos ainda são inconsitentes para comprovar. Entretanto, na minha opinião não ter evidência cietífica atualmente não desmerece a técnica, pois em algum momento essa evidência pode passar a existir.

Grande abraço. Very Happy

Ir para o topo Ir para baixo

Felipe Reis

Mensagem Dom Abr 01, 2012 2:17 pm  Felipe Reis

Olá a todos,

Seguem as indicações, as teorias e as refrências que mostraram evidências científicas sobre o KT (estudos classificados com níveis de 2 a 4 qualidade metodológica)

1. Sobre a dor:
O mecanismo proposto para aliviar a dor é através da estimulação de vias sensoriais do sistema nervoso, assim aumentar o feedback aferente. Esta é uma hipótese
para diminuir a entrada a partir de fibras nervosas de dor - Teoria das Comportas. Uma teoria adicional é que a aplicação KT levanta a pele e diretamente reduz a pressão subcutânea sobre os nociceptores. Apenas um estudo de Gonzalez-Iglesias et al. relatou estatisticamente resultados significativos para diminuição da dor.

(Gonzalez-Iglesias J, Fernandez De Las Peaas C, Cleland J, et al. Short-term effects of cervical Kinesio taping on pain and cervical range of motion in patients with acute whiplash injury: a randomized clinical trial. J Orthop Sports Phys Ther 2009; 39 (7): 515-21)

2. Sobre o arco de movimento:
Um mecanismo proposto para o efeito de KT sobre o arco de movimento é um aumento na circulação do sangue na área afetada; uma modificação fisiológica qe pode favorecer o aumento do AM através do relaxamento muscular. Uma teoria adicional é que o medo do movimento está associada a intensidade da dor, e assim a aplicação de KT forneceria feedback sensorial reduzindo o medo do movimento e, assim, aumentando a amplitude de movimento.

(Thelen MD, Dauber JA, Stoneman PD. The clinical efficacy of kinesio tape for shoulder pain: a randomized, doubleblinded, clinical trial. J Orthop Sports Phys Ther 2008; 38(7): 389-95)

(Gonzalez-Iglesias J, Fernandez De Las Peaas C, Cleland J, et al. Short-term effects of cervical Kinesio taping on pain and cervical range of motion in patients with acute whiplash injury: a randomized clinical trial. J Orthop Sports Phys Ther 2009; 39 (7): 515-21)

(Hsu YH, Chen WY, Lin HC, et al. The effects of taping on scapular kinematics and muscle performance in baseball players with shoulder impingement syndrome. J Electromyogr Kinesiol 2009; 19 (6): 1092-9)

(Yoshida A, Kahanov L. The effect of kinesio taping on lower trunk range of motions. Res SportsMed 2007; 15 (2): 103-12)

3. Sobre a força:
Existe uma hipótese que o KT facilitaria um pequeno aumento da força muscular através da produção de uma força concêntrica pela tração da fáscia, o que estimularia o aumento contração muscular. Hipóteses adicionais sugerem que oa melhora da atividade, peo aumento do fluxo sanguíneo e o alinhamento muscular podem contribuir para o aumento da força muscular.

(Hsu YH, Chen WY, Lin HC, et al. The effects of taping on scapular kinematics and muscle performance in baseball players with shoulder impingement syndrome. J Electromyogr Kinesiol 2009; 19 (6): 1092-9)

(Vithoulka I, Beneka A, Malliou P, et al. The effects of Kinesio-Taping on quadriceps strength during isokinetic exercise in healthy non athlete women. Isokinet Exerc Sci 2010; 18 (1): 1-6)

(Fu T-C, Wong AMK, Pei Y-C, et al. Effect of Kinesio Taping on muscle strength in athletes: a pilot study. J Sci Med Sport 2008; 11 (2): 198-201)

(Lee J-H, Yoo W-G, Lee K-S. Effects of head-neck rotation and Kinesio taping of the flexor muscles on dominanthand grip strength. J Phys Ther Sci 2010; 22 (3): 285-9.)

4. Sobre a propriocepção:
Acredita-se que o efeito da pressão e o alongamento do KT sobre a pele estimula mecanorreceptores cutâneos, que por sua vez transmitem informações sobre a
posição e movimento da articulação e, portanto, poderia aumentar a propriocepção.

(Chang H-Y, Chou K-Y, Lin J-J, et al. Immediate effect of forearm Kinesio taping on maximal grip strength and force sense in healthy collegiate athletes. Phys Ther in Sport 2010; 11 (4): 122-7)

Boa leitura.

Ir para o topo Ir para baixo

avatar

Mensagem Dom Abr 01, 2012 9:11 pm  fabiofeitosa

Excelente postagem... eu utilizo e tenho bons resultados... e concordo que mais estudos necessitam ser realizados.
Abraços

Ir para o topo Ir para baixo

bianca lefosse

Mensagem Ter Abr 03, 2012 2:01 pm  bianca lefosse

Eu tive um caso recente de esporão de calcaneo e fascite plantar, onde utilizei esparadrapo (branco de farmacia) ao final de cada sessão (reproduzindo função semelhante ao KT) e acreditem: a paciente relatou melhora significativa. Ja havia feito 20 sessoes de fisioterpia (convencional), 3 aplicações de corticóide e 1 ano de tratamento medicamentoso. Minha conduta foi basicamente US contínuo, crochetagem, alongamento de fascia e esparadrapo (ela relatou sentir muito conforto com este).
E aí, isso seria alguma evidência científica ou apenas milagre? Mad Mad Mad Mad Twisted Evil Twisted Evil Twisted Evil Twisted Evil Twisted Evil

Ir para o topo Ir para baixo

avatar

Mensagem Dom Abr 15, 2012 4:36 pm  guilhermedomenech

Olá a todos! Ótima iniciativa!

Venho trabalhando com a Bandagem elástica a algum tempo, e compartillho que a explicação para os mecanismos pertinentes a sua ação encontram-se escassos. É de real importância esse tipo de discurssão, serve de estimulo para propostas de pesquisa sobre as técnicas que caracterizam o método.
Atualmente, temos 4 pilares que sustentam a aplicação da bandagem, já descritas pelo Felipe Reis em post anterior. Nesse sentido, tenho trabalhando com colegas Fisioterapeutas no laboratório de Biomecânica na Universidade Isecensa, em Campos dos Goytacazes, visando esclarecer alguns efeitos, e assim contribuir com a ciência.
Nosso foco vem sendo as respostas sobre as principais valências físicas e suas variáveis, levando principalmente em consideração a Força, Velocidade, Flexibilidade e Equilíbrio.

Inicialmente, deixo EM ANEXO uma monografia feita na Universidade para análise dos demais colegas.

Um abraço
Guilherme Domenech

Anexos
QUAIS AS EVIDÊNCIAS DO USO DO KINESIOTAPE? Attachment
BNM.pdf Você não tem permissão para fazer download dos arquivos anexados.(346 Kb) Baixado 5 vez(es)

Ir para o topo Ir para baixo

avatar

Mensagem Qua maio 02, 2012 9:45 pm  Leoswim

Caros Colegas, td bem?
A pedido do colega e irmão Felipe Reis, vou dar uma palhinha aqui abrindo uma discussãozinha básica.
Basicamente, nos cursos,palestras, artigos e livros temos lido que o kinesiotapig é utilizado para inibir o musculo(inserção-origem) ou estimular o músculo(origem-inserção).
Porém, sabemos que isso não é regra geral, dependerá do movimento realizado pelo paciente/atleta e do músculo que vc quiser aplicar a fita.
Pensando no conceito de cadeia cinética fechada e cadeia cinética aberta,sabemos que isso irá se diferenciar assim como a aplicação da fita. Ai eu pergunto:
E se o seu atleta/paciente realizar os dois movimentos(CCA e CCF) numa mesma prova? Iremos perguntar e testar aonde ele sente mais dor?
Abs
Léo

Ir para o topo Ir para baixo

avatar

Mensagem Qui maio 03, 2012 12:24 am  guilhermedomenech

Olá Léo, tudo blz!

Para que eu posso me posicionar sem falar besteira, você poderia esclarecer uma dúvida quanto ao exemplo, não sei se entendi bem.

Quando diz "Iremos perguntar e testar aonde ele sente mais dor?"
. ONDE é uma referência a cadeia cinética que ele sente mais dor? ou não, está querendo discutir se devemos ou não focar em uma determinada condição dolorosa como parâmetro avaliativo?

Abs

Ir para o topo Ir para baixo

avatar

Mensagem Qui maio 03, 2012 4:10 pm  Leoswim

Fala Guilherme , td bem?
A minha pergunta é : O que devemos fazer no exemplo que dei? Ele irá realizar CCF e CCA numa mesma prova. De que forma eu colocaria a fita se eu quiser inibir ? E de que forma eu colocaria se eu quiser estimular? O ponto fixo e o ponto móvel serão iguais?
O foco da minha discussão é este ......
A pergunta foi apenas uma suposição :Iremos perguntar e testar aonde ele sente mais dor?
Estou querendo dizer que "aquela regrinha" ( de origem para inserção é para estimular e inserção para origem é inibição) que lemos e aprendemos nos cursos,congressos, etc,não vale para todos os movimentos assim como também não vale para qualquer músculo.
Abs
Léo

Ir para o topo Ir para baixo

avatar

Mensagem Sex maio 04, 2012 8:59 pm  Pablo B. Marinho

Léo e demais membros,

A grande vantagem das bandagens elásticas em relação às bandagens "rígidas" está nas maiores possibilidades de estimulação.

Costumo dizer nos cursos que devemos utilizar a bandagem para nos comunicarmos com o córtex do paciente. Justamente pelo fato de aplicarmos a bandagem na pele e não no músculo ou na articulação, limitar-se apenas ao raciocínio biomecânico pode ser um erro.

Antes de mais nada é importante que seja identificada a disfunção, e principalmente o objetivo terapêutico, caso contrário será como fazer alongamento em bailarino ou fortalecimento em fisiculturista.

Acredito que a dificuldade do Guilherme foi justamente entender este objetivo, que realmente não está claro. O que irá definir se um músculo irá ser estimulado ou inibido será a interpretação do córtex em relação ao estímulo que está sendo dado, mas principalmente será dependente da disfunção apresentada.

Em relação aos itens apresentados pelo Felipe:

DOR:
Não consigo visualizar de maneira alguma a bandagem descolando a pele e por isso provocando a diminuição da dor. Já havia escutado isso há muitos anos atrás em um curso de spiral taping e isso não me desce até hoje. Assisti em 2010 uma palestra em que foi apresentadas evidências de que mesmo uma fáscia saudável pode, através de mecanismos neurofisiológicos, servir de amplificador dos inputs, estímulos, nociceptivos, provenientes de músculos, podendo assim aumentar a percepção da dor. Neste caso a bandagem não acabaria com a dor, mas acredito que sirva como um filtro desses estímulos. Alguém já leu ou teve acesso a informações similares???

Acho importante lembrar que a dor é tida como subjetiva justamente pelo fato de haver uma série enorme de fatores que podem infuenciar na sua percepção, então simplismente colar a bandagem na pele e esperar que a dor melhore é no mínimo inocência.

Força Muscular:
Tenho tido a oportunidade de assistir as aulas do Prof. Martim Bottaro, Docente da Faculdade de Educação Física da UnB, sobre treinamento resistido. Segundo as evidências apresentadas o fator mais importante pra não dizer único para o aumento da força é o volume do treinamento, ou seja, para aumentar a força é preciso pegar peso!

Existe um japonês maluco que tem feito compressões musculares, quase como um garrote, para diminuir a circulação sanguínea no músculo, e tem demonstrado também ganhos na força mesmo sem carregar peso. Mas isso ainda está em fase inicial de pesquisas e ainda é muito doido pra ser aplicado na prática.

Pelo que tenho visto, acredito que as bandagens possam influenciar as unidades motoras lentas, mais sensíveis aos estímulos. Portanto o aumento na EMG demonstrado por alguns estudos pode estar mais relacionado ao recrutamentos dessas unidades motoras lentas e não fásicas, que poderiam aumentar a força.

Propriocepção:
Não minha opinião isso é muito mais complexo do que simplesmente melhora de equilíbrio ou treino no balanço. Novamente, para melhorar a propriocepção de um indivíduo, pra começar é preciso que o mesmo tenha algum déficit ou disfunção que esteja prejudicando a sua propriocepção, portanto a bandagem só seria capaz de melhorar isso se o objetivo da aplicação case com o problema.

Um estudo de 2011 fez o reposicionamento (elevação até o posicionamento neutro) da escápula em pacientes com dor na cervical e essa simples elevação passiva, foi capaz de melhorar a propriocepção destes pacientes.

Forte abraço e um bom final de semana a todos!!!

Ir para o topo Ir para baixo

avatar

Mensagem Sáb maio 05, 2012 6:07 am  Pablo B. Marinho

Esqueci de citar o link da pesquisa, segue abaixo.

http://www.manualtherapyjournal.com/article/S1356-689X(11)00102-0/abstract

Abçs

Ir para o topo Ir para baixo

Felipe Reis

Mensagem Sex maio 11, 2012 12:14 am  Felipe Reis

Olá amigos,

Respondendo algumas colocações feita pelo Pablo, estou de acordo com uma série delas.

O meu post inicial apresenta os achados de uma revisão sistemática que tentou fundamentar um técnica que tem sido utilizada com muita frequência nos meio. Entretanto, seus achados não foram conclusivos apresentando os resultados satisfatórios como está no post que abre este debate. "Não houve evidência de qualidade para apoiar o uso de KT sobre outros tipos de taping no manejo ou na prevenção de lesões esportivas. KT pode ter um pequeno papel benéfico na melhoria da força, do arco de movimento e na propriocepção em comparação com outras fitas e em determinados estudos coortes com atletas lesionados, mas são necessários mais estudos para confirmar esses achados. A quantidade de estudos de caso e o pouco suporte científico para io uso do KT tem sido utilizados para justificar sua aplicação por parte dos profissionais."

Já em se tratando dos efeitos do Kinesio, todas as teorias apresentadas envolveram estudos classificados com níveis de 2 a 4 qualidade metodológica.

Especificamente com relação a dor, agora é opinião pessoal, acredito que a redução esteja muito mais ligada ao efeito placebo do que a teoria proposta por Gonzalez-Iglesias et al. (2009) que fala sobre a tração da pele.

Os estudos que destacam o aumento da força podem estar relacionados a ativação muscular. Existem diversos trabalhos, como aqueles que falam da ativação muscular com tape rígido, que mostraram maior atividade muscular. De certo, que não acredito que haja hipertrofia com uso do kinesio, mas é possível que haja maior ativação.

O estudo que você apresenta seguem muito bem a linha das disfunções do movimento descritos no livro Sahrmann S. Movement system impairment syndromes of the extremities, cervical and thoracic spine. St. Louis: Elsevier; 2010. Como ele envolve a mesma linha de pesquisa que tenho, posso fazer alguns comentários com relação a metodologia. Foram utilizados 15 pacientes considerados como adultos jovens com história de dor cervical por pelo menos 6 semanas e EVA > 5 no repouso. As alterações de posicionamento da cabeça estão presentes principalmente em pessoas com mais de 50 anos e que sofreram whiplash. Apesar de alguns estudos apontarem para alterações da cinestesia em pessoas com dor cervical, é possível também que não existam alterações nesse grupo. Todas as alterações de posicionamento envolvem músculos suboccipitais e não extríssecos.

Além disso, o estudo tem apenas 15 participantes sem que o autor justificasse o n do estudo (já que a dor cervical é bem comum) e além disso não houve grupo controle. Será que os resultados seriam os mesmos em sadios ou nos casos de whiplash? Desta maneira, os resultados devem ser interpretados com cautela, mas de qq forma chama a atenção.

Grande abraço.


Ir para o topo Ir para baixo

avatar

Mensagem Sex maio 11, 2012 10:17 am  Pablo B. Marinho

Fala Felipe,

Não entenda meu post como uma crítica a você, até porque foi colocado que temos publicado, que ainda é muito pouco. E justamente por isso, infelizmente em se tratando de bandagens elásticas, ainda temos de nos basear na experiência clínica.

Eu sou um pouco resistente ao fato das bandagens aumentarem a força, pelo menos de forma direta. Não sou especialista em EMG, mas se não estiver errado, mais unidades motoras trabalhando não necessariamente caracteriza aumento de força. Acredito que essas duas medidas são diferentes.

Em relação ao efeito placebo, realmente as explicações para a melhora da dor ainda não estão claras, mas não acredito que isso seja somente por efeito placebo. As bandagens não são aplicadas somente em atletas, apesar de ser o que mais vemos na TV. Temos tido resultados impressionantes também com pacientes neurológicos, muitos dos quais apresentam déficits cognitivos. Resultados muito bons também na fonoaudiologia, como melhora da sialorréia, resultados que não se justificariam por placebo.

São poucas as evidências científicas, mas justamente por isso é uma área muito boa para se investir para os que trabalham com pesquisa. Temos evidências científicas fracas, mas evidências clínicas fortes. Portanto o que precisamos é simplesmente pesquisar.

Em relação ao artigo de elevação cervical, tem este outro menos recente com participação da Sahrmann, que teve um n maior, 46, e que foi similar (acedito que tenha sido a inspiração p/ este): http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17885341. Mas o objetivo de citar aquele outro foi somente para exemplificar a questão da propriocepção.

Poderíamos discutí-los, mas acho que em outro tópico.

Alguém do fórum trabalha com neuro e utiliza as bandagens, que poderia compartilhar suas experiências?

Abçs

Pablo

Ir para o topo Ir para baixo

Felipe Reis

Mensagem Sex maio 11, 2012 10:48 am  Felipe Reis

Pablo,

Fique a vontade. De forma alguma vou entender seu post ou de qq outro membro como crítica a mim. Não existe isso. Como disse anteriormente, este é um fórum aberto, livre e democrático, que permite a troca de ideias e experiências. Very Happy

É muito bom que possamos ter esse canal durante todo o ano e não somente nos eventos.

Acredito também que se a técnica tem apresentado evidências clínicas não deve ser desprezada já que um dia poderá haver evidências científicas. Muitas técnicas são usadas há muitos anos e não se tem comprovação.

Sobre os efeitos do kinesio, também pode ser que não haja aumento de força, mas me referi no post anterior como talvez uma pré ativação ou até uma facilitação de um músculo específico. O que poderia explicar alguns resultados na fono e na neuro. Essa pré ativação tem sido mostrada em vários trabalhos mas utilizando-se tape rígido principalmente nas disfunções femuro patelares. Apesar de também não haver um consenso. Sendo assim, penso que o kinesio possa facilitar a ação de um músculo.

Com relação ao placebo, acredito que seja específico para dor e não para as outras ações como AM e "força". O texto em anexo, apesar de ser de 1994, faz uma revisão sobre esse efeito na dor. Vale uma leitura.

Grande abraço e muito obrigado por alimentar a discussão. bounce





Anexos
QUAIS AS EVIDÊNCIAS DO USO DO KINESIOTAPE? Attachment
TheImportanceofPlaceboEffectsinPainTreatmentandResearch.pdf Você não tem permissão para fazer download dos arquivos anexados.(1.8 Mb) Baixado 0 vez(es)

Ir para o topo Ir para baixo

avatar

Mensagem Sex maio 11, 2012 12:46 pm  guilhermedomenech

Pablo, Felipe e demais colegas!

Ótima discussão!

Vou fixar meu ponto de vista na questão AUMENTO DE FORÇA, levando em consideração a questão desportiva colocado pelo Léo. Creio que seja o ponto alto da discussão

Antes de mais nada, para que não haja confusão, acredito que seja comum a todos que estamos falando Força Muscular, suas sub conceituações e grandezas físicas e não somente ao conceito newtoniano de F=m.a.

Dentre todas as funções da bandagem já descritas em posts anteriores, fixo-me na questão mecânica. Como estímulo exteroceptivo sobre o corpo, podemos considerá-la uma força externa atuante, assim como a gravidade, resistência do ar,...

Teorizo da seguinte maneira:

Vejo a bandagem como um suporte facilitador para o movimento humano, ou seja, é criado um MOMENTO mecanicamente mais vantajoso. No meu ponto vista, e acredito que dos demais colegas, facilitar não significa aumento da força de determinado grupamento. Julgo que, de acordo com a colocação para determinado fim, conseguimos um armazenamento adicional de energia elástica no material característico (a bandagem) quando tracionado, resultando em um rebote "efeito Estilingue" contribuinte para tarefa desejada. Desta maneira, poderíamos pensar em associar a aplacação levando em consideração o ciclo alongamento - encurtamento.

Dentre os pilotos feitos na Universidade Isecensa, a facilitação chega a aproximadamente 70g quando tracionamos o material até 70% da capacidade. Com isso em mãos, embora muito cru, podemos também pensar na redução da energia potencial gravitacional. Nesse sentido, não foi a força que aumentou e permitiu, teoricamente, aguentar mais 70g de uma carga, mas sim, pura e exclusivamente a ajuda do elástico e sua reação a deformação imposta.

Mais tarde deixarei em anexo outros pilotos realizados para ativação e inibição, pois só os tenho no CPU de casa. Onde achamos, eletromiograficamente, a questão do tempo que se inicia uma ativação que se dá, segundo o estudo, após 48h e a inibição onde temos uma adaptação curta de apenas 24h e depois o retorno do sinal anterior.

Logicamente, não coloco este post com verdade universal, mas para meu entendimento e aceitação quanto a um possível efeito, se encaixa.

Pablo, essa questão de comunicação com o córtex, levando em consideração que a o nosso tratamento Fisioterápico, nada mais seja de que um conjunto de induções corretivas, assim como a bandagem, você consegue quantificar um possível feedback com a colocação da bandagem? Foi isso que você quis dizer?Não entendi bem?

Abs

Ir para o topo Ir para baixo

Bruno Valverde

Mensagem Sáb maio 12, 2012 7:31 am  Bruno Valverde

Fala galera, parabens pela troca de informacoes.

Vou deixar a minha humilde opiniao nao como pesquisador mas como clinico.

Tenho usado bastante o Kinesio na clinica nos pacientes e em mim rsrs, nesse momento meus flexores de punho estao com uma aplicacao pq arrumei um "estiramento" atendendo essa semana.

Minha visao eh um pouco mais mecanicista mas nao descarto de forma alguma o input sensorial do tape e suas relacoes neurofisiologicas.

Utilizo sim baseado em biomecanica, minha intencao com ele eh sempre melhorar a mecanica do movimento seja tracionando um musculo, "reposicionando" uma articulacao ou dando a esta um input proprioceptivo que ai sim, pode melhorar a mecanica articular e alterar a capacidade de geracao de forca de um determinado movimento ou funcao.

Um dos grandes exemplos que tive sobre essa relacao mecanica articular/funcao muscular na pratica recente foi utilizando o US de imagem no transverso abdominal de um paciente. Nao foi um caso que o kinesio foi usado mas serve para ilustrar a minha ideia. Esse paciente tinha dor lombar e dentro de uma serie de fatores uma dificuldade em ativar o Transverso Abdominal notadamente de um lado mais que do outro visto pelo US de imagem. Usando o modelo da L.J Lee de correcao dos aneis costais identifiquei que um desses aneis costais estava deslocado para o mesmo lado do transverso disfuncional e com mobilidade alterada naquele nivel thoracico. Apos a simples correcao dessa disfuncao mecanica articular coloquei a paciente sobre o US de imagem de novo somente com o intuito de treinar mais o padrao de ativacao e para minha surpresa la estava o belo transverso abdominal ativado. Hoje discute-se a melhora do controle motor para melhora da funcao, bem eu vi a correcao mecanica melhorar o controle motor. Ou seja, acredito que se o tape melhorar a mecanica podemos ter resultados semelhantes.

No quesito dor, uma melhor mecanica tambem pode favorecer, mas existe tambem a aplicacao unicamente muscular com o intuito de aliviar a tensao local da musculatura, como essa que tenho no antebraco no momento. Ela em nada muda a mecanica das articulacoes adjacentes, mas somente "protege" a area dolorida dos meus flexores de punho e, por ser elastica, ainda permite a funcao, grande vantagem sobre o tape rigido ao meu ver.

O tape rigido ainda tem seu lugar ao meu ver, tanto na correcao da mecanica como na estabilizacao articular, quantos jogadores e praticantes de diversos esportes usam o "strapping tape" para simples prevencao?

No quesito propriocepcao eh que acho que o Kinesio, atraves dos sensores de pressao e tracao da pele, fornece sim input proprioceptivo durante o movimento, quanto mais tensao no tape, mais perceptivel sera essa presao-tracao na pele durante o movimento. Agora valendo um milhao: O quanto isso favorece a performance? Quem dera eu soubesse essa ao certo...

Essa eh a minha opiniao sobre o tema, nao dou curso e nem fiz curso de kinesiotape, todas as informacoes que postei acima sao baseadas no meu "achismo" clinico.

Abracos a todos Very Happy

Ir para o topo Ir para baixo

Felipe Reis

Mensagem Dom maio 13, 2012 3:24 am  Felipe Reis

Olá amigos,

Dando seguimento a nossa discussão. Depois das colocações dos colegas, meu lado pesquisador busca sempre pelas referências e as respostas a tudo que foi levantado. Então vamos à mais algumas referências:

Dor:
O mecanismo proposto para alívio da dor pelo KT é através da estimulação de vias sensoriais do sistema nervoso, aumentando assim o feedback aferente. Com essa hipótese seria possível diminuir a entrada de estímulos dolorosos, devido à teoria da comporta. (Kneeshaw D. Shoulder taping in the clinical setting. J Bodyw Mov Ther 2002; 6: 2-08).

Força:
Em um estudo de Hsu et al. com qualidade metodológica de 3, foi avaliada as mudanças na força muscular trapézio usando um dinamômetro de mão, antes e depois do KT. Um efeito positivo do KT foi relatado, com um aumento significativamente maior em força (1,2 - 1,0 kg) em comparação com o grupo placebo. (Hsu YH, Chen WY, Lin HC, et al. The effects of taping on scapular kinematics and muscle performance in baseball players with shoulder impingement syndrome. J Electromyogr Kinesiol 2009; 19 (6): 1092-9)

Lee et al. também avaliaram o efeito do KT sobre a força de preensão manual em 40 indivíduos saudáveis. A força de preensão manual foi significativamente maior para os homens e as mulheres quando KT foi aplicado para os músculos flexores da mão dominante em relação quando comparados ao não uso do tape. (Lee J-H, Yoo W-G, Lee K-S. Effects of head-neck rotation and Kinesio taping of the flexor muscles on dominanthand grip strength. J Phys Ther Sci 2010; 22 (3): 285-9)

Chang et al. (qualidade metodológica = 3) relataram não haver diferença estatisticamente significativa na força de preensão máxima medida sob três condições (sem taping, taping com placebo e com KT) em 21 ​​atletas colegiais saudáveis. (Chang H-Y, Chou K-Y, Lin J-J, et al. Immediate effect of forearm Kinesio taping on maximal grip strength and force sense in healthy collegiate athletes. Phys Ther in Sport 2010; 11 (4): 122-7).

Atividade muscular:
Hsu et al. relataram aumento da atividade do músculo trapézio inferior durante a aplitude de 60-30 graus no retorno da flexão com o uso do KT, quando comparado com a condição placebo.

Abraços a todos.

Ir para o topo Ir para baixo

Mensagem   Conteúdo patrocinado

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos